Aos olhos dos cidadãos, há dois pesos e duas medidas na prática judicial
O País nem reagiu à notícia de uma semana, anestesiado pelos sucessivos casos que têm abalado a confiança dos portugueses na Justiça. Concluído o inquérito ao suposto favorecimento de Fátima Felgueiras por um juíz do Supremo Tribunal Administrativo, chegou-se a um relatório com quase uma centena de páginas de transcrições de escutas telefónicas entre a foragida presidente da Câmara Municipal de Felgueiras e o magistrado, onde este transmite instrucções à autarca para fugir à acção judicial que sobre ela impende por suspeitas de corrupção enquanto responsável máxima do executivo concelhio.
Mais: o insigne jurista promete-lhe interceder junto de outros magistrados para os pressionar a abafar o processo. Quanto à acção movida a Felgueiras com vista à perda do mandato em consequência do processo de corrupção, o mesmo juíz pede-lhe que ela o avise do envio dos autos para o Tribunal Administrativo do Porto, para que ele accione logo influências junto do Ministério Público (e a verdade é que a autarca foi aí absolvida, com base no decisivo depoimento do magistrado em audiência, como sua testemunha de defesa).
Vem a saber-se ainda que, já como vereadora em Felgueiras, 10 anos antes, a autarca vira ser arquivado semelhante processo contra si, também no mesmo tribunal portuense e aparentemente após diligências do mesmo magistrado.
Como se tudo isto não bastasse, apurou-se agora que, no espaço de uma hora antes de a autarca fugir para o Brasil, há ano e meio, aparentando saber por antecipação que ia ser detida nesse dia, houve dez chamadas telefónicas do Tribunal Tributário do Porto, onde o magistrado disporia de gabinete, supostamente para Fátima Felgueiras ( e mais uma para o seu ex-marido). Note-se que não estamos a falar de um magistrado qualquer, mas de um juíz-conselheiro.
Em que outros processos terá sujado as mão, ao longo de uma carreira que o levou ao topo?
São situações como esta que levam a concluir que algo está podre no reino da Justiça e que, aos olhos dos portugueses, existe definitivamente uma prática judicial (implacável) para os cidadãos anónimos e outra (com inúmeras escapatórias) para quem pode dispor de influência social.
G.R.
1 comentário:
Pois o PCR já está de costa para a voz de felgueira já não escreve lá ....porque será
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