Daqui – de Santa Quitéria –,
Cujo Monte o Povo estima,
Continuo a ter matéria
P’ra fazer versos em rima.
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Depois de ler “Os Lusíadas”,
Neste posto solitário,
Vi trocar as “Felgueiríadas”
Por um bonito mostruário.
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Curtas saias, “pés descalços”,
No corredor da passerelle.
Não faltaram os percalços
Como vinagre no mel.
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Vi as velas nas varandas,
No brilho desse momento;
Minhas dúvidas são tantas
Sobre os fins de tal evento.
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O evento programado,
Obra-prima duma escola,
Acabou desvirtuado
P’la política, que cola…
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Manequins, no seu ofício,
Fizeram o seu trabalho,
Levados para um comício –
Cartas a mais no baralho.
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Vi uma autarca nos céus,
A apresentar a “passagem”;
Vi confrades e plebeus
Fazer disso uma homenagem.
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Três vezes trocou de roupa,
Essa autarca-modelo:
Nisto, dinheiro não poupa,
E quem paga?... É o samelo!
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Vi também a Oposição –
Aquela, a comprometida –
De microfone na mão
A relatar … convertida!
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Vi um brilhante académico,
De camurça engalanado,
A trocar lugar de médico
Por um menos destacado.
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Mas que rica Oposição,
Que não é! – isso é notório.
Em causa está a razão
E a lei do contraditório.
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Também vi casaco branco,
Rosa negra, como um trevo,
A falar em solavanco,
Em ressaca de S. Pedro.
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Vi cansado como um mouro
Um escudeiro ambulante
A servir na Foz do Douro
Seis pratos no restaurante.
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Foi dada uma conferência –
A pretexto, isso convinha –
Os jornais de referência
Não escreveram uma linha.
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Mas o repasto, excelente –
Seis pratos para comer! –
Reuniu, sempre presente,
O pessoal do Poder.
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Daqui – de Santa Quitéria –,
Encerro agora meus versos,
Voltarei com mais matéria
Sobre assuntos controversos.
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